quinta-feira, 8 de abril de 2010

Canto para minha morte



Assim como todas as portas são diferentes, aparentemente todos os caminhos são diferentes, mas vão dá tudo no mesmo lugar. O caminho do fogo é água, assim como o caminho do barco é o porto. O caminho do sangue é o chicote, assim como o caminho do reto é o torto. O caminho do risco é o sucesso, assim como o caminho do acaso é a sorte. O caminho da dor é o amigo. O caminho da vida é a MORTE.
Eu sei que em determinada rua que eu já passei, não tornará a ouvir o som dos meus passos. Cada vez que eu me despeço de uma pessoa, pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela última vez. A morte, surda, caminha ao meu lado, e eu não sei em que esquina ela vai me beijar. Com que rosto ela virá? Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer? Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque? Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro? Será que vou te encontrar vestida de cetim, pois em qualquer lugar esperas só por mim e no teu beijo provar o gosto estranho que eu quero e não desejo, mas tenho que encontrar. Venha, mas não demore a chegar. Eu te detesto e amo, morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida. Qual será a forma da minha morte, uma das tantas coisas que eu não escolhi na vida, existem tantas... Um acidente de carro. O coração que se recusa a bater no próximo minuto. A anestesia mal-aplicada. A vida mal-vivida. A ferida mal curada. A dor já envelhecida. O câncer já espalhado e ainda escondido. Ou até, quem sabe, o escorregão idiota num dia de sol a cabeça no meio-fio. Ó morte, tu que és tão forte, que matas o gato, o rato e o homem. Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar. Que meu corpo seja cremado e que minhas cinzas alimentem a erva e, que a erva alimente outro homem como eu. E na palavra rude que eu disse para alguém que gostava de mim, que fique com ela o meu perdão. E que não deixe nada para amanhã, não deixe de dizer um EU TE AMO esperando o amanhã chegar. Temos que fazer todas as coisas antes que a noite termine, assim como naquele uísque que eu não terminei de beber Aquela noite...

Um comentário: